Há só três coisas que libertam do burguesismo, da banalidade: o tédio, o misticismo, o raciocínio — um porque acha tudo oco, outro porque acha a tudo artisticamente um outro e íntimo sentido, e o terceiro porque destrói tudo e se absorve nas suas análises ininterruptas, e contraria por sistema e interpretação o analisado.
A arte não: o burguês gosta do belo. Um belo inferior?
Seja o que for, gosta do belo (gostar do feio pode ser até
um modo de revolta contra o burguês por a
originalidade do gosto como Baudelaire
tentou).
O tédio difere do aborrecimento. (Como a
preguiça da abulia. Como uma fúria da zanga, de um acesso de loucura.) Uma coisa contraria o sentido
de poder e querer sair dela, a visão do contrário. O tédio não, penetra até ao sonho.
A distracção? Nunca.