Vêde... sou uma roseira


Vêde... sou uma roseira branca
na minha realidade de alma...
A minha verdadeira vida é
toda aromatica no além...
Ah mas que outra vida mais real
que a da terra... Minha vida
é profunda como uma morte
absoluta...

Quando o vento sacode as arvores
e os arbustos, elles ás vezes traçam
no chão gestos de recortes humanos.
O perfil das cousas é humano
muitas vezes. É para que aos
homens seja suggerido que as
cousas são symbolos.

Quem te diz que eu não sou
uma roseira branca e este


corpo que pelos olhos conheces,
o meu mero perfume... És
cego realmente, e só aprehendes
o meu perfume irreal sob
a fórma real de visão...


Identificação: bn-acpc-e-e3-94-1-100_0191_94_t24-C-R0150 | bn-acpc-e-e3-94-1-100_0192_94v_t24-C-R0150
Heterónimo: Não atribuído
Formato: Folha (18.3cm X 11.5cm)
Material: Papel
Colunas: 1
LdoD Mark: Sem marca LdoD
Manuscrito (pen) : Testemunho manuscrito a tinta preta.
Nota: , Texto escrito em recto e verso de uma folha pautada de caderno. Este texto foi incluído na primeira edição de Teresa Sobral Cunha, "Livro do Desassossego", Vol.I. (Lisboa: Presença, 1990), mas foi retirado nas edições posteriores.
Fac-símiles: BNP/E3, 94-94.1 , BNP/E3, 94-94.2