O governo do mundo começa em nós mesmos


O governo do mundo começa em nós mesmos. Não são os sinceros que governam o mundo, mas tambem não são os insinceros. São os que fabricam em si uma sinceridade real por meios artificiaes e automaticos; essa sinceridade constitue a sua força, e é ella que irradia para a sinceridade menos falsa dos outros. Saber illudir-se bem é a primeira qualidade do estadista. Só aos poetas e aos philosophos compete a visão practica do mundo, porque só a esses é dado não ter illusões. Ver claro é não agir.


Título: O governo do mundo começa em nós mesmos
Heterónimo: Bernardo Soares
Volume: II
Número: 467
Página: 202
Nota: [1-3, dact.];