SONHO TRIANGULAR | No meu sonho no convés estremeci


No meu sonho no convés estremeci... é que pela minha alma de Príncipe Longínquo passara um arrepio de presságio...

Um silêncio ruidoso a ameaças invadiu como uma brisa lívida a atmosfera visível da coberta.

Tudo isto é haver um brilho excessivo a inquietá-lo ao luar, sobre o oceano que não embala já mas estremece; tornou-se evidente — e eu ainda os não ouvi — que há ciprestes ao pé do palácio do Príncipe (...)

O gládio do primeiro relâmpago volteou cinzento no além... É cor de relâmpago o luar sobre o mar alto e tudo isto é ser ruínas já e passado afastado o meu palácio de príncipe que nunca fui...

Com um ruído soturno e aproximando-se o navio entre as águas, a cobertura escurece lividamente, e (...) Não morreu, não está preso algures, não sei o que é feito dele — do príncipe —, que gélida coisa desconhecida lhe é o destino agora!...


Título: SONHO TRIANGULAR | No meu sonho no convés estremeci
Heterónimo: Vicente Guedes
Número: 65
Página: 93 - 94
Nota: [94-87, ms.];Teresa Sobral Cunha edita este texto como parte da sequência 'SONHO TRIANGULAR' (2008: 90-93).;;