Mallet - Usa Jerónimo Pizarro(288)

e do alto da majestade


L. do D.

e do alto da majestade de todos os sonhos, ajudante de guarda-livros na cidade de Lisboa.

Mas o contraste não me esmaga — liberta-me; e a ironia que ha nelle é sangue meu. O que devera humilhar-me é a minha bandeira, que desfraldo; e o riso com que deveria rir de mim, é um clarim com que saúdo e crio a alvorada em que me converto.

A gloria nocturna de ser grande não sendo nada! A majestade sombria de esplendor desconhecido... E sinto, de repente, o sublime do monge no ermo, e do eremita no retiro, inteirado da substancia do Christo nos areaes e nas cavernas que são a estatuaria vazia.

E na meza do meu quarto absurdo, reles, empregado, e anonymo, escrevo palavras como a salvação da alma e douro-me do poente impossivel de pinaculos altos, vastos e longinquos, da minha estola recebida por prazeres, e do annel de renuncia em meu dedo evangelico, joia parada do meu desprezo extatico.