Escrevo com uma estranha mágoa
Escrevo com uma estranha mágoa, servo de uma sufocação intelectual, que me vem da perfeição da tarde. Este céu de azul precioso, desmaiando para tons de cor-de-rosa pálido sob uma brisa igual e branda, dá-me à consciência de mim uma vontade de eu gritar. Estou escrevendo, afinal, por fuga e refúgio. Evito as ideias. Esqueço as expressões exactas, e elas abrilham-se-me no acto físico de escrever, como se a mesma pena as produzisse.
Do que pensei, do que só senti, sobrevive, obscura, uma vontade inútil de chorar.