Na destruição da unidade
Na destruição da unidade do meu espirito, libertei pequenos impulsos bem capazes de se inhibirem e esconderem, por subtis e fortes, mas grandes bastante para serem sacrificadamente instinctos, instinctos realizaveis.
Sonhando tanto, tornei-me nitido no sonho, mas, chegando ao ao vêr-me em sonhos tal qual sou, feio e grotesco, do proprio sonho me faltou.
Nem posso ter compaixão de mim, porque não chego a ser corcunda ou côxo ou maneta. Sou totalmente inesthetico.
Como saber de amor se nem em sonhos me julgo digno d'isso?
A Tragedia do Espelho. Os antigos mal se viam a si-proprios. Hoje vemo-nos em todas as posições. D'ahi o n[osso] pavor e o n[osso] nojo por nós.
Todo o homem precisa, para poder viver e amar de se idealizar a si-proprio (e, no fim, áquelles a quem ame). Amamo-nos p[ar]a isso. Desde o momento em que me visiono e me comparo a um ideal, não m[ui]to alto, ainda que baixo, de belleza humana, desisto da vida real e do amor.